quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Criando Cientistas


Responda rápido:
O que é o vento?

Se você demorou mais de 5 segundos para dizer que vento é o ar em movimento, pode-se considerar uma exceção. A maioria de nós tem esta frase decorada, mesmo sem ter a mínima idéia dos mecanismos que fazem o ar se mover para formar uma leve brisa ou um famoso vento sudoeste.
A maioria das escolas ainda ensina ciências de forma verbalística. Os professores mais moderninhos fazem uma ou duas experiências por bimestre. A partir da segunda fase do fundamental (do 6º ao 9º ano) o ensino é super compartimentalizado, em cada série um assunto – as crianças só verão corpo humano no 8º ano, verão rochas e minerais no 6º e depois só no ensino médio, geralmente esquecem tudo de um ano para outro, ou de um bimestre para outro, logo que “vomitam” todas as informações decoradas na prova.
Mas o objetivo deste artigo não é criticar o sistema de ensino, mas oferecer algumas dicas e possibilidades para os pais e professores desenvolverem com as crianças/adolescentes atitudes que levam, não só a um “pensamento científico”, mas a aprender a conhecer, a aprender e a solucionar problemas.
Que tal colocar a garotada para pensar?
As crianças pequenas normalmente perguntam muito. Quem é mãe/pai já passou pela “terrível” fase dos porquês. Os pais ficam atordoados tentando encontrar respostas para as perguntas, muitas vezes embaraçosas, dos pequenos. Mas porque as crianças param de perguntar? Nós paramos de nos perguntar!
Minha sugestão é de que invertamos a situação e passemos a perguntar mais para as crianças! Perguntemos, perguntemos, perguntemos! E não há mal nenhum em não sabermos as respostas. Vamos pensar junto com elas. Podemos também, quando perguntados devolver uma pergunta, mesmo sabendo a resposta: “O que você acha?”. Assim estamos estimulando a criança a pensar.
Podemos perguntar coisas simples, do nosso cotidiano: por que temos que pendurar a roupa para secar? O que acontece com a pipoca se colocarmos mais tempo? E menos? Como a imagem foi para dentro da televisão? O elevador está subindo ou é a parede que está descendo? Por que as estrelas não caem do céu? E assim por diante, sem medo de parecer ridículo! A mesma pergunta pode ser feita para crianças de idades diferentes, e pode ser repetida várias vezes. A criança dará uma resposta de acordo com seu nível de desenvolvimento, o importante é fazer o movimento e colocá-la para pensar sobre o assunto. Uma criança de 3 anos, por exemplo, dará uma resposta animista, onde tudo tem vida, as coisas têm desejos, são mágicas, fantásticas. Já aos 7 anos responderá diferente, aos 12 a resposta deve ser outra. A criança pequena responderá com muita naturalidade, já as mais velhas poderão, por não estarem acostumadas, achar as perguntas um tanto estranhas, possivelmente se sentirão obrigadas a dar uma resposta “correta”, dirão que não sabem ou responderão perguntando, de forma insegura. Mas não desanimem! Continuem perguntando!
Uma outra sugestão para criar pequenos cientistas é estimular a observação. Olhar não é o mesmo que observar! Se um poeta, um biólogo e um administrador forem ao jardim botânico, com certeza observarão coisas muito diferentes! Mostre, aponte, pergunte o que a criança/adolescente está vendo. Tudo pode ser observado: pequenos detalhes em nossa casa ou na escola, como ímãs de geladeira, óculos, pilhas, lâmpadas, varal de roupas, o próprio corpo, até o sol, as estrelas, as plantas, toda a natureza. A física, a química e a biologia estão presentes em tudo ao nosso redor.
Por último sugiro que deixemos as crianças/adolescentes experimentarem. A cozinha é um lugar privilegiado para as experiências. Quantas transformações são possíveis fazendo um bolo, uma gelatina, um suco, ver as transformações da água, etc. As crianças gostam muito também de fazer experiências no banheiro, com sabonetes, perfumes, pasta de dente, deixar, por exemplo, que a criança leve diferentes brinquedos para o banho e ver quais afundam, quais flutuam. Quem tem um pequeno jardim, que maravilha! Ou mesmo em vasinhos, poder acompanhar o crescimento de uma planta, observar pequenos insetos, pedrinhas, etc. Muitos pais acham a cozinha um local perigoso, ou querem evitar a sujeira. São preocupações justas, mas a experimentação é muito importante para o desenvolvimento das crianças. E como já dizia um comercial de sabão em pó, “se sujar faz bem”. Se a casa tem muitas regras e as oportunidades de explorá-la são limitadas, seu desenvolvimento ficará também limitado. Na escola vale também levar a criançada para a cozinha, o pátio, uma pracinha, qualquer lugar serve de “laboratório”.
Fica então a dica: aprender a perguntar, observar e experimentar!

Gostou da postagem? Comente!
Gostou do blog? Vote!


Nenhum comentário: